segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Insensato Brasileirão


Falta uma única, humilde e solitária rodada para o fim do primeiro turno do Brasileirão 2011. E o caminho está repleto de cadáveres cristalinos – bolas de cristal em pedaços, cacos, estilhaços. Profetas que perderam o emprego já se aquecem como matemáticos. Antes do campeonato, Santos, Cruzeiro e Grêmio eram considerados candidatos ao titulo. Corinthians e Flamengo eram encarados com desconfiança. O Botafogo prometia brigar pra não cair. É… pelo visto não aconteceu nada disso.
Nem precisamos ir tão longe. Há duas semanas, Fla e Timão ameaçavam abrir vantagem. Em menos de três dias tomaram chá de humildade súbita – em doses servidas pelo Dragão no Engenhao e pelo Figueira no Pacaembu. O mesmo amargo chá que tomamos agora, nós, candidatos a dizer o que vai acontecer amanhã. Pois esse é nosso exercício – analisar e tentar prever cenários. O gol, diria o futurólogo experiente, é como a realidade – um detalhe.
Mas, falando sério… divertido e imprevisível – eis o Insensato Brasileirão 2011. Equilibrado como sempre, divertido como nunca. Pode ser que vejamos um alazão desgarrar na frente – a partir de agora… ou daqui a pouco. Mas, por ora, 18 rodadas depois, temos apenas a criação de castas. Você arrisca chutar quem vai ser campeão daqui a 20 rodadas?
De quem muito se esperava, muito temos recebido. Ronaldinho tem comido a bola. Neymar, apesar da fase do Santos, vem jogando demais. Damião confirmando seu talento. Mas ainda faltam duas estrelas: Luís Fabiano… e Adriano. Será que eles farão diferença?
Bolas de cristal do mundo, uni-vos. Hoje, aqui e agora… tentaremos responder as indóceis questões que se apresentam. Quem é quem? De onde viemos? Para onde vamos? Vamos olhar com lupa e de perto a Série A – afiando o chutômetro cristalino. Onde está seu time? Que ladeira ele sobe? Ou desce? Confira aqui, hoje, agora… e abaixo:
NA UTI
20 – AMÉRICA-MG – Apesar de alguns bons valores experientes como Alessandro e Kempes e da melhoria defensiva com William Rocha e Micao… o Coelho respira por aparelhos. E sua missão é muito ingrata. A contratação do técnico Givanildo trouxe alguma estabilidade – mas pra sair da degola o Coelho vai precisar buscar algo como 32 pontos em 20 rodadas. Levando em conta que obteve apenas 13 até agora… muita prece será necessária. O time terá 10 jogos em casa… e seria bom que vencesse uns oito ou nove. Parece fácil para um time que só ganhou duas até agora?
Destaque individual: Rodriguinho.
Decepção: A torcida, pior média da Série A.
O que precisa: de um milagre.
Bola de cristal: Ele não virá.
19 – AVAÍ – Por mais que brigue, o time é fraco. O ataque liderado pelo incansável William sofreu com as saídas de Marquinhos e Julinho, que reduziram a criatividade do time a quase zero. A esperança é a chegada de Lincoln – e a fé da torcida avaiana– que tenta ver luz no fim do túnel de binóculos. O time ganhou apenas três vezes em 18 partidas – sendo uma vitória apenas em casa (sobre o líder Corinthians). Se quiser ficar na Série A em 2012… algo ali como 30 pontos são necessários. E um treinador.
Destaque individual: William.
Decepção: A venda de jogadores-chave.
O que precisa: de oração.
Bola de cristal: Série B em 2011.
UNIDADE SEMI-INTENSIVA
18 – ATLÉTICO-MG – Um monte de bons jogadores, nenhum time. O Galo é provavelmente o pior custo/benefício do Brasil. Hoje pouca gente lembra que o time começou o campeonato com duas vitórias. Nas 16 rodadas seguintes… só venceu mais duas vezes. Jogadores de ponta como Guilherme, Dudu Cearense, Rever, Daniel Carvalho e Richarlysson continuam devendo e a coleção de orangotangos aumenta. André chegou marcando gols – mas ainda não se firmou. Cuca foi convocado como bombeiro – missão que já exerceu no Fluminense – mas já perdeu três seguidas (quatro se contar a Sul-Americana). O time precisa de paciência e de ganhar urgentemente. Próximo jogo no Brasileirão: ah, moleza – o clássico contra o Cruzeiro.
Destaque individual: Renan Ribeiro.
Decepção: Guilherme.
O que precisa: De arruda.
Bola de cristal: Briga até o fim pra não cair.
17 – ATLÉTICO-PR – Apesar da recuperação recente – e da confiança com Renato Gaúcho, o início do time foi tão ruim que ele permanece em terapia intensiva. O time demorou onze rodadas para conseguir sua primeira vitória (agora tem quatro) – mas o empate contra o Coelho foi uma daquelas duchas de água gélida. O Furacão vinha reconquistando a Arena da Baixada. O time melhorou – Cléber Santana e Marcinho encontraram o futebol perdido – e a defesa se ajeitou na base da força de Manoel e Fabrício. Mas… entregar dois pontos para o lanterna em casa – depois de fazer 2 a 0… é convidar o drama. Em 20 jogos, o Furacão precisa conquistar 30 pontos. Não será fácil.
Destaque individual: Marcinho.
Decepção: Paulo Baier.
O que precisa: Ganhar em casa.
Bola de cristal: Briga até o fim pra não cair.
16 – GRÊMIO – A chegada de Celso Roth trouxe aquele volantismo-de-contenção necessário ao Grêmio. Menos fanfarra, mais substância. Mas, depois de dois bons resultados, duas derrotas fora-de-casa jogaram o Imortal pra perto da indesejada das gentes. Com Douglas, o poder ofensivo do time cresce – mas ainda é carente. O Gre-Nal pode ser um divisor de águas .
Destaque individual: Fábio Rochemback.
Decepção: Victor.
O que precisa: de ataque.
Bola de cristal: Escapa da queda ali pela 34a rodada.
RESPIRANDO SEM APARELHOS
15 – SANTOS - Com dois jogos a menos, ambos em casa, é bem possível que o Santos isole o fantasma rebaixador em breve. Neymar continua jogando em alto nível e Ganso dá os primeiros sinais de recuperação. A vitória sobre o Bahia traz algum alivio – embora não tenha sido exatamente justa. É natural o inconsciente relaxamento do time. Os jogadores correm, tentam se empenhar – mas no fundo da alma lembram que aquele que pode ser o jogo mais importante de suas vidas chega em dezembro. Imagine uma contusão… e tal. É uma missão difícil para Muricy – mas o Peixe precisa se safar antes que o drama vire realmente um drama – e comece a atrapalhar o Projeto Tóquio. O time ainda tem 22 jogos a fazer – e precisa de algo como 27 pontos. Nove vitórias para este Santos… não deve ser problema.
Destaque individual: Neymar.
Decepção: Ganso.
O que precisa: Duas ou três vitórias.
Bola de cristal: Folga em novembro.
14 – BAHIA – O time dos bad boys é, como se esperava, irregular. Acende aqui, apaga acolá – e traz dor-de-cabeça full-time para Mastermind Renê Simões – que vai cortando um dobrado atrás do outro. Renê conseguiu organizar ao time – mas algum azar e pecadilhos defensivos tem roubado pontos importantes do tricolor baiano. Se Jóbson e Carlos Alberto resolverem esquecer as confusões (um grande, incrível, imenso, gigantesco, siderúrgico SE) – o time escapa da degola. Até porque, na reta final, a torcida vai apoiar de forma intensa.
Destaque individual: Jóbson, o bom.
Decepção: Jóbson, o mau.
O que precisa: menos Olodum.
Bola de cristal: Briga pra não cair até o fim.
13 – CEARÁ - A carroça desembestada tem nome e se chama Osvaldo. O veloz e habilidoso atacante inferniza defesas de norte e sul e foi o grande destaque do Vovô até aqui. Mas o time de Vagner Mancini tem sérios problemas defensivos – e tem sofrido com isso. Tem sabido se valer do Presidente Vargas – e pode chegar na Sul-Americana se mantiver o ritmo. Nas últimas partidas, Thiago Humberto começou a jogar bem – e Marcelo Nicácio também. A derrota para o Cruzeiro foi injusta… e algo polêmica.
Destaque individual: Osvaldo.
Decepção: a saída de Iarley.
O que precisa: Acertar a zaga.
Bola de cristal: Tenta vaga na Sul-americana.
12 – ATLÉTICO-GO – Começou mal, mas nunca deixou de brigar. Com Hélio dos Anjos, o Dragão derrubou a invencibilidade do Flamengo e se afastou um pouco do Z-4. Anselmo, Diego Campos e um meio-campo operário fazem do time um osso duro de roer mesmo quando joga fora. Ainda assim, as limitações do elenco são grandes. O time já ganhou seis vezes – e se, nos próximos 20 jogos, ganhar mais seis (e empatar quatro ou cinco)… deve escapar da degola.
Destaque individual: Anselmo.
Decepção: Felipe.
O que precisa: Ganhar em casa.
Bola de cristal: Briga pra não cair até o fim.
SUL-AMERICANA FEELINGS
11 – CRUZEIRO – Apontado como favorito no início do certame, o Cruzeiro foi destroçado pela derrota em casa na Libertadores. Começou o Brasileiro de forma sofrível – e só não está pior graças a uma sequencia de seis vitórias em sete jogos logo após a chegada de Joel Santana. Quando pareceu que ia brigar em cima, perdeu quatro seguidas. E pior – perdeu seus dois melhores atacantes… e anda escalando as vezes de Reis, Anselmo Ramon e Ortigoza para tentar furar as redes adversárias. Papai Joel não é um treinador muito ofensivo – mas com esse ataque… nem a OTAN. E de quebra agora perdeu o zagueiro Gil.
Destaque individual: Montillo, apesar da inconstância.
Decepção: o ataque.
O que precisa: soluções ofensivas.
Bola de cristal: Chega na Sul-americana.
10 – CORITIBA – A ressaca da Copa do Brasil demorou um pouco a passar, mas o técnico Marcelo Oliveira recuperou a moral da equipe e conseguiu encaixar bons jogos. Recuperou Tcheco e o talentoso Leonardo, que apareceu muito bem no Paraná e não vingou no Flamengo por causa de lesões – e ainda tem Bill, Anderson Aquino e Marcos Aurélio para perturbar as zagas alheias.
Destaque individual: Rafinha.
Decepção: o início ruim.
O que precisa: de lateral esquerdo.
Bola de cristal: Briga pela Sul-americana.
8 – FIGUEIRENSE – Jorginho moldou um time que marca de forma implacável e consistente. O time é competitivo – e coletivamente ofusca a falta de talento. O ataque ganhou punch com a entrada de Júlio César – e o perigo do rebaixamento parece afastado. Os experientes Wilson e Túlio lideram um time que tem os rodados Édson e João Paulo na zaga – e algum talento como os laterais Bruno e Juninho… e o paraguaio Wilson Pittoni.
Destaque individual: Juninho.
Decepção: Reinaldo.
O que precisa: Atacantes.
Bola de cristal: Briga pela Sul-americana.
ASPIRANTES
9 – FLUMINENSE – Abel Braga tem cinco atacantes de alto nível (Fred, He-Man, Ciro, Rafael Sóbis e Martinuccio) – mas só dois podem jogar. No meio, porém, tem Deco (que pouco joga), Souza (que não é armador)… e agora o jovem Lanzini (que fez dois bons jogos). Se Lanzini cumprir o que prometeu nesses jogos, o Flu pode galgar lazarônicos parâmetros. Os laterais são bons (embora Carlinhos seja irregular) e os volantes são decentes. Se Fred voltar a jogar bem… também ajuda.
Destaque individual: Rafael Moura.
Decepção: A venda de Conca.
O que precisa: Achar um time.
Bola de cristal: Briga por Libertadores.
7 – INTERNACIONAL – Damião é teu pastor e gol não te faltará – mas talvez falte velocidade. O ataque das duas torres (Jô e Damião) fica monotemático – dependente dos laterais e de cruzamentos. A volta de Oscar pode melhorar o poderio ofensivo – mas bons meias o time já tem em Andrezinho e D’Alessandro. O grande problema é ausência de Zé Roberto – o único “segundo” atacante genuíno da equipe. A chegada de Dorival Junior injetou motivação – num time que, se encaixar uma arrancada, pode sonhar até com o título.
Destaque individual: Leandro Damião.
Decepção: Rafael Sóbis.
O que precisa: de Zé Roberto de volta.
Bola de cristal: Briga por Libertadores.
6 – PALMEIRAS – Felipão tem ordenhado pedra. O time do Palmeiras joga o mais lindo futebol Scolari – marca demais, é eficiente na bola alta ofensiva… e toma pouquíssimos gols (13 até agora, melhor defesa). Não joga bonito – pois seu meio-campo, quando Valdívia não joga, é um Saara mental. Mas… joga duro e sério. E, apesar da seca de gols, Kleber sempre incomoda na frente.
Destaque individual: Luan.
Decepção: As lesões de Valdívia.
O que precisa: que Valdivia jogue.
Bola de cristal: Briga por Libertadores.
CANDIDATOS
5 – BOTAFOGO – Caio Junior acertou o time ao longo do campeonato – mas só encaixou de verdade quando Elkeson e Cortes jogaram juntos – criando um lado esquerdo habilidoso e incisivo. O meio é muito forte com Renato e Marcelo Mattos – e o horizonte do time vai depender de Maicosuel que, depois de um início muito ruim, começou a melhorar. A defesa é boa e Jefferson, no gol, continua seguro. As Loco Abreu, que só jogou quatro vezes, faz muita falta quando não joga.
Destaque individual: Elkeson.
Decepção: Maicosuel.
O que precisa: De reserva para Loco.
Bola de cristal: Briga pela Libertadores, talvez algo mais se tiver sorte.
3- SÃO PAULO – Tudo depende de Luís Fabiano… e da defesa. Adilson Batpista conta com um bom zagueiro – Rhodolfo. Os outros… são inconstantes. Se Luís Fabiano voltar jogando bem – o time passa a ter um “desequilibrador” para jogar ao lado dos ótimos Dagoberto e Lucas. Casemiro, que no início do campeonato jogou muito, também deve melhorar o meio-campo. O elenco é ótimo – e poucos times tem tantos bons jogadores. Pode brigar no topo se acertar a retaguarda.
Destaque individual: Dagoberto.
Decepção: A ausência de Luís Fabiano.
O que precisa: Acertar a defesa.
Bola de cristal: Briga pelo título até o fim.
4 – VASCO – O time é consistente – mas só vai manter pegada e animação se estiver perto da briga pela taça. Pra isso, Ricardo Gomes vai ter que encontrar velocidade. O Vasco joga melhor fora-de-casa do que dentro – porque tem ótimo contra-ataque quando Éder Luís está inteiro. Contra o Fluminense foi evidente o bagaço do velocista cruz-maltino já no início do segundo tempo. E não há outro corredor no elenco (Leandro está voltando a jogar razoavelmente agora). O treinador já percebeu que Felipe e Juninho não podem jogar juntos – e que a lateral-esquerda é um pepino a descascar.
Destaque individual: Dedé.
Decepção: A lateral esquerda.
O que precisa: De motivação.
Bola de cristal: Briga pelo título, mas não leva.
2 – FLAMENGO – Ronaldinho Gaúcho voltou a jogar futebol de alto nível – e vem levando o time nas costas jogando o fino. Depois de amargar empates em série, o time encaixou vitórias… até reduzir a marcha, no fim do turno. Ganhou no fim do Coritiba – e depois empatou duas e perdeu a primeira. Ainda assim – um turno com apenas uma derrota é excelente marca. A sequencia de jogos, porém, cobrou a conta: Aírton e Thiago Neves. A defesa deve melhorar com Alex Silva – e os laterais têm jogado bem, especialmente Júnior César. A falta de um matador nato – dada a fase de Deivid – pode ser a principal fraqueza do time.
Destaque individual: Ronaldinho Gaúcho.
Decepção: Wellinton.
O que precisa: Perder menos pontos bobos.
Bola de cristal: Briga pelo título até o fim.
1 – CORINTHIANS – Interrogação começa com I… de Imperador. Como voltará Adriano a jogar? Se jogar à vera… o Corinthians pode acelerar na briga de cima. Mas, mesmo sem o atacante, o time já é forte. A queda na metade final do segundo turno teve a ver com lesões e jogos seguidos – algo que abateu o Flamengo mais recentemente. A perda de Fábio Santos, que vinha bem, foi grande. Mas com William, Jorge Henrique, Danilo e Alex jogando muito bem – o Corinthians tem bola pra ir longe. Não terá vida fácil contra o Palmeiras, porém.
Destaque individual: Danilo.
Decepção: Renan.
O que precisa: De reservas defensivos.
Bola de cristal: Briga pelo titulo até o fim.
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OS + MAIS DA SEMANA
Jogador ofensivo da rodada #18
* LEANDRO DAMIÃO (INT) – Um passe de calcanhar magistral e um gol de bicicleta.
Jogador defensivo da rodada #18
* ÉDSON (FIG) – que gastou a ampla cuca de tanto tirar bolas cruzadas pelos atacantes corintianos. A trave deu alguma ajuda também.
A frase da rodada
“Agora eu vou ficar como cachorro na chuva” Luiz Felipe Scolari - dizendo que não irá mais a campo depois de ser destratado pelo árbitro Cléber Abade.
AS SELEÇÕES DA RODADA #18
SELEÇÃO: Rafael (SAN), Bruno Vieira (FIG), Antonio Carlos (BOT), Édson (FIG) e Júnior Cesar (FLA); Renato (BOT), Ronaldinho (FLA) e Felipe Menezes (BOT); Dagoberto (SPO), Júlio Cesar (FIG) e Leandro Damião (INT). Técnico: Jorginho (FIG)
SELEBABA: Renan Ribeiro (CAM), Serginho (CAM), Gum (FLU), Rafael Marques (GRE) e Richarlysson (CAM); Guinazu (INT), Ralf (COR) e Mancini (CAM); Magno Alves (CAM), Guilherme (CAM) e Miralles (GRE). Técnico: Cuca (CAM).
9 observações distintas e isentas
1 – Os torcedores do Flamengo podem e devem ficar irritados com o gol inacreditável FC perdido por Deivid. Mas, se tiverem frieza, observarão que o atacante participou dos dois gols do time no Beira-Rio. No primeiro, começou a jogada… saindo rápido depois do escanteio que Felipe catou. E no segundo… participou decisivamente do giro da bola que chegou na esquerda para Júnior César cruzar.
1.1 – Dito isso, Deivid perdeu aquele gol mata-jogo, que quando é perdido… traz ao torcedor aquela sensação quem-não-faz-leva… de que essa conta será paga. Foi.
1.2 – E foi com juros e correção – no golaço aço aço de Leandro Damião – uma bicicleta de almanaque – que, ironicamente, se originou numa bobagem de Delatorre. O jovem atacante colorado estava sozinho diante do goleiro e passou a bola nas costas de Damião.
1.3 – O Flamengo jogou bem – especialmente Ronaldinho – no Beira-Rio. Mas não fez um jogo excelente. O Inter melhorou muito com a entrada de Andrezinho – que vem fazendo um belo campeonato – e buscou o empate com um jogador a menos graças ao talento de Damião em duas jogadas.
1.4 – Sobre arbitragem – salvo talvez o lance no fim (em que o Inter reclamou pênalti – mas não consegui ver o replay), o alagoano Francisco Nascimento foi muito bem. Talvez tenha exagerado um pouco no cartão de D’Alessandro – mas o amarelo e o vermelho de Guiñazu foram perfeitos. Ironia ou não – muitos rubro-negros que reclamaram de expulsão semelhante de Botinelli (contra o Botafogo) ontem aplaudiram a expulsão de outro argentino saltador. (Anotação posterior: Vi no Redação Sportv o lance no fim do jogo. Alex Silva puxa a camisa de Índio e a bola para na mão de Jael a seguir – pênalti que o árbitro não viu).
1.5 – Por fim… fase é fase. Ainda não consegui descobrir com qual parte de qual perna Jael chutou para fazer o segundo gol do Flamengo. Se fosse Deivid…
2 – O Corinthians chutou duas na trave, martelou, martelou… e provou de seu próprio remédio: o contra-ataque rápido. Júlio César, o carequinha brigador, foi o jogador decisivo da partida. Saiu no tempo certo e cruzou com precisão a bola do primeiro gol… e fez uma bela jogada no segundo, deixando Ralf no chão e chutando na trave (a bola sobrou para Pittoni sem goleiro). O trabalho de Jorginho é elogiável – seu time marca sempre bem (quando não faz bobagens como João Paulo fez contra o Fluminense).
2.1 – O time de Tite tinha dado sorte em alguns jogos – contra o América-MG por exemplo – e a seqüência de jogos parece ter tirado a principal virtude do time – a intensidade na marcação.
3 – Pra quem quer disputar o título, o Vasco pareceu sonolento demais após sair na frente do Fluminense. Ficou esperando… esperando… dormiu, levou o empate e poderia ter até perdido o jogo. O time de Ricardo Gomes precisa de Éder Luiz inteiro. Juninho fez o gol – mas também vem sentindo o cansaço – perdeu uma bola perigosa no primeiro tempo e não fez grande coisa. Alecsandro e Diego Souza criaram o lance do gol (com auxílio tricolor)… e pouco mais além de muita briga.
3.1 – Há algo de exótico no reino tricolor. O time é bom, talentoso, mas não encaixa – e ainda se dá ao luxo de entregar gols em falhas bizarras como a de Gum. A sorte de Abel é que o garoto Lanzini parece ser o meia condutor que o elenco não tinha. Rápido, habilidoso e ativo… o argentino foi a melhor notícia para a torcida do campeão brasileiro.
3.2 – Meias de menos, atacantes demais. He-Man não pode ser reserva… e Fred… pelo visto também não. Rafael Sóbis entrou mal, Ciro e Martinuccio nem entraram (o primeiro… em especial deve estar frustrado – pois vinha jogando bem). Isso sem falar no lesionado Araújo.
4 – O Botafogo passou por cima do Galo no sábado sem grande dificuldade – ou melhor – com apenas uma no início – um chute de Bernard em que Jefferson fez uma defesa de goleiro de seleção. Depois disso, os laterais alvinegros, Felipe Menezes e Elkeson cuidaram de resolver o jogo. Maicosuel jogou sua melhor partida pelo alvinegro no campeonato. Os volantes Marcelo Mattos e Renato também jogaram muito bem.
5 – O retorno de Casemiro e Lucas pode ser o elixir necessário para que o São Paulo engate uma segunda no Brasileirão. Depois da bela arrancada, o time começou a patinar. Mas nenhum dos dois vai resolver o grande problema do time: a defesa. Os gols de bola aérea sinalizam isso – escanteio, faltas… a frustração de Rogério Ceni, ontem, após o gol de Henrique foi reveladora. O problema de Adílson Baptista é… material humano. João Felipe é técnico e veloz – mas jovem e falha em posicionamento (sua última atuação pelo Botafogo, contra o Avaí, tinha sido muito ruim). Luiz Eduardo também é muito novo. Xandão não é nenhuma maravilha. E mesmo Rhodolfo tem bobeado.
5.1 – O problema do Palmeiras, claro, é outro – está no meio-campo. O time marca bem… mas tem dificuldades na criação. Mesmo quando Valdívia joga… ele é mais ponta-de-lança que armador. Ontem com Chico, Marcos Assunção, Márcio Araújo e Patrick… quem seria capaz de criar jogadas? O time fica dependente de brilhos de Kléber e Luan – e da bola parada de Assunção.
6 – Leonardo Gaciba explicou o que seria “situação clara de gol” no Troca de Passes do Sportv dizendo que o juiz tem que avaliar se o zagueiro está escolhendo trocar um gol por uma falta (ou penal) e expulsão.Que me desculpe o Gaciba – mas toda vez que um jogador entra cara-a-cara com o goleiro é situação clara de gol. O juiz não é adivinho para saber se o atacante vai chutar bem ou não. Marconi (Bahia) tinha que ter sido expulso pelo pênalti em Ganso… e Márcio Rosário (Flu) pelo penal em Alecsandro. Essa “saída” encontrada pelos árbitros para expulsar menos não soa razoável – porque amplia a chamada interpretação dos juízes. Num jogo tão complexo – com tanta margem para critérios diferentes – o ideal é ser simples: vai ficar cara-a-cara? Vermelho. Se cara-a-cara com o goleiro não é situação clara de gol… o que é?
7 – O Furacão ameaçou atropelar o Coelho… contando com a falha de Neneca no chute fraquinho de Marcinho logo no primeiro minuto. Mas depois que o time mineiro empatou… Neneca operou milagres na Arena da Baixada. Fez duas defesas sensacionais… e ainda buscou uma terceira bola difícil.
7.1 – Outros goleiros brilharam na rodada: Rafael, do Santos, que jogou apenas o primeiro tempo e impediu pelo menos dois gols do Bahia; e Diego Cavalieri, que fez duas ótimas defesas no segundo tempo pelo Flu. A segunda, num chute meio cruzamento de Fagner, foi especialmente difícil.
8 – O Grêmio já melhorou ofensivamente pelo mero retorno de Douglas. A derrota no minuto final acabou sendo um castigo ingrato – mas… a falha na marcação foi óbvia. Lúcio, torto pela direita, não marcou a entrada de Diego Campos no tempo certo. A expulsão de Rafael Marques seria correta se os juízes tivessem sempre o mesmo critério. Entradas bem mais violentas já foram “economizadas” por árbitros neste campeonato – inclusive por Heber Roberto Lopes (que apitou no Serra Dourada).
8.1 – O Dragão, que não tem nada com isso, abocanhou sua terceira vitória consecutiva. Pulou de 13 pontos para 22, respirando fortemente e deixando o CTI – numa sequencia que parecia mortal (Santos, Flamengo fora e Grêmio).
9– Na semana passada, por questões pessoais, essa coluna não foi publicada. Agradeço aos quatro leitores que estranharam – mas cá estamos de volta, como em (quase) toda segunda-feira.
9.1 – Em tempo: a coluna tem algumas regras para aprovar comentários: a) ofensas a terceiros não são permitidas; b) acusações a terceiros idem; c) ofensas ao signatário são aceitas – desde que inteligentes e relativamente educadas; d) tentativas de criar polêmicas gratuitas são deletadas; e) papagaiadas e tentativas de spam idem.
9.2 – Por fim, na semana que vem: a seleção do primeiro turno, o craque, a mala, o mico… etc.

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